I NEVER SAID I WAS SANE

Ironia e autoconfronto em "I NEVER SAID I WAS SANE" de Jessie Reyez

Em "I NEVER SAID I WAS SANE", Jessie Reyez usa a ironia para desafiar expectativas religiosas e sociais, assumindo suas falhas sem pedir desculpas. No trecho “If the bible's true then I'm fucked / Hopefully there's a higher power forgiving all my mistakes 'cause / I'm just a sinner” (Se a Bíblia for verdadeira, então estou ferrada / Tomara que exista um poder superior perdoando todos os meus erros porque / Eu sou só uma pecadora), Reyez expõe seu medo do julgamento espiritual, mas também adota um tom de deboche e resignação diante dessas regras. Ao mencionar “with inflation” (com inflação) ao falar do valor da alma, ela faz uma crítica bem-humorada à mercantilização até de conceitos espirituais, reforçando o tom confessional e irônico da música.

O contexto do álbum "Paid in Memories" e as declarações da artista sobre se sentir mais destemida explicam a ousadia tanto na sonoridade quanto na letra. A combinação de gritos, distorções e sussurros, junto com referências a textos sagrados e à própria sanidade, cria uma atmosfera de vulnerabilidade intensa. Ao repetir “I never said I was sane” (Eu nunca disse que era sã), Reyez admite suas imperfeições e emoções intensas, desafiando quem tenta rotulá-la ou patologizá-la. O verso “If you can't threaten me with sendin' me to therapy / This love story might never meant to be” (Se você não pode me ameaçar mandando para a terapia / Talvez essa história de amor nunca tenha sido para acontecer) reforça sua recusa em ser corrigida ou encaixada em padrões. Assim, a música se torna um manifesto de autoaceitação, onde Reyez expõe dúvidas, pecados e cicatrizes sem medo de ser vista como "louca" ou inadequada.