My God

Religião e crítica social em “My God” de Jethro Tull

Em “My God”, Jethro Tull faz uma crítica direta à Igreja da Inglaterra, especialmente no verso “The bloody Church of England / In chains of history” (“A sangrenta Igreja da Inglaterra / Em correntes da história”). A banda denuncia como instituições religiosas podem aprisionar a espiritualidade em tradições e rituais vazios. A frase “locked Him in His golden cage” (“trancaram Ele em sua gaiola dourada”) reforça a ideia de que Deus foi confinado e adaptado aos interesses humanos, perdendo sua essência livre e universal. O contexto dos anos 1970, marcado por questionamentos sociais, amplifica o impacto da música ao desafiar a autoridade religiosa e incentivar uma reflexão sobre a verdadeira natureza da fé.

Ian Anderson, vocalista e compositor, esclareceu que a música não ataca a fé em si, mas sim a hipocrisia das instituições que impõem dogmas e limitam a busca espiritual individual. Isso aparece em versos como “He is the God of nothing / If that's all that you can see / You are the God of everything / He's inside you and me” (“Ele é o Deus de nada / Se é só isso que você consegue ver / Você é o Deus de tudo / Ele está dentro de você e de mim”), sugerindo que a divindade não está restrita a símbolos ou rituais, mas vive em cada pessoa. Referências como “plastic crucifix” (“crucifixo de plástico”) e a confusão sobre “who and where and why” (“quem, onde e por quê”) criticam a superficialidade e a comercialização da fé. Já o trecho “You'll be praying 'til next Thursday to / All the Gods that you can count” (“Você vai rezar até a próxima quinta-feira para / Todos os deuses que conseguir contar”) ironiza a multiplicidade de rituais e santos, questionando a eficácia dessas práticas quando desprovidas de significado real. Assim, “My God” se destaca como uma reflexão incisiva sobre religião, poder e autenticidade espiritual.