Cinturón Blanco

Recomeço e vulnerabilidade em "Cinturón Blanco" de Jorge Drexler

Em "Cinturón Blanco", Jorge Drexler utiliza a metáfora do cinto branco das artes marciais para falar sobre a importância de recomeçar em um relacionamento, mesmo após anos de convivência. O cinto branco simboliza o início, mas também a humildade de quem está disposto a aprender de novo. Isso fica evidente no verso “Hasta que nos den a los dos, de nuevo, el cinturón blanco” (Até que nos deem de novo, para nós dois, o cinto branco), mostrando o desejo de reviver a curiosidade e a vulnerabilidade do começo, mesmo depois de muito tempo juntos.

A letra propõe um exercício de renovação afetiva, sugerindo gestos como “Quememos los álbumes de fotos” (Vamos queimar os álbuns de fotos) e “Desprogramemos pilotos automáticos y agendas” (Vamos desprogramar os pilotos automáticos e as agendas), indicando a vontade de deixar o passado e as rotinas para trás, buscando viver o presente com mais intensidade. Detalhes do cotidiano, como “Vuelve a colocarte las horquillas que yo dejé en tu mesilla cuando ya se hacía de día” (Coloque de novo os grampos de cabelo que deixei no seu criado-mudo quando já amanhecia), reforçam a intimidade e os pequenos rituais do casal. Ao propor “Tropecemos como principiantes con la misma piedra que antes prometimos no pisar” (Vamos tropeçar como iniciantes na mesma pedra que antes prometemos não pisar), Drexler mostra que errar faz parte do processo de recomeço e que a vulnerabilidade é essencial para manter a conexão viva. Assim, "Cinturón Blanco" celebra a coragem de se reinventar a dois, valorizando tanto o medo quanto o amor presentes em cada novo começo.