Tudo Que Eu Tenho

Referências culturais e gratidão em “Tudo Que Eu Tenho”

Em “Tudo Que Eu Tenho”, Jorge Vercillo faz uma homenagem sensível a personagens noturnos e marginalizados, como garis, vigias e violeiros, ao compará-los a Exu e Batman. Ele destaca que, mesmo atuando nas sombras, essas figuras estão “a serviço da luz”, valorizando quem trabalha de forma invisível, mas essencial. Essa metáfora mostra como Vercillo reconhece a importância de profissões e pessoas muitas vezes ignoradas, além de aproximar o sagrado, representado por Exu das religiões afro-brasileiras, do popular, como o super-herói Batman, ampliando o leque de referências culturais presentes na canção.

A letra também é marcada por lembranças pessoais, como a troca do futebol pela música na Praia do Leme, que Vercillo chama de “meu abaeté”, um lugar de inspiração e pertencimento. O caminho até o Canecão, tradicional casa de shows do Rio de Janeiro, simboliza sua busca por autoconhecimento e formação artística. Vercillo ainda homenageia grandes nomes da música brasileira, como Chico Buarque, Milton Nascimento, Gal Costa, Djavan e Gilberto Gil, reconhecendo suas influências e ressaltando a diversidade da música nacional. Ao citar Emanuel Veloso, ele reforça a importância de enxergar além do óbvio e valorizar a cultura em constante transformação. O refrão “Tudo que eu tenho / Foi a música quem deu” resume o sentimento de gratidão do artista, mostrando que sua trajetória está profundamente ligada à música como fonte de amor, sustento e aprendizado.