RapGamers II

Vulnerabilidade e crítica social em "RapGamers II" de Kant

"RapGamers II", de Kant, se destaca por abordar de forma direta temas como depressão, solidão e o peso da fama, fugindo do padrão de glamourização comum no rap nacional. Logo no início, versos como “Minha alma não tava ali... Só após ter os pulsos cortados / Meus pais foram perceber que eu estava ali” expõem experiências pessoais de sofrimento e invisibilidade. Kant mostra que o reconhecimento veio acompanhado de dor, reforçando a pressão emocional vivida desde sua origem nas batalhas de freestyle, um ambiente competitivo e exigente.

A música mantém o tom desafiador do rap, mas Kant vai além da ostentação, criticando a superficialidade do cenário. Ele ironiza MCs que buscam fama fácil ou validam seu valor por conquistas superficiais: “Foda-se todos MC's que faz linhas pra pegar as menina / Vim pra ser dor de cabeça, prepara a aspirina”. Referências como “Big Poppa” (Notorious B.I.G.), “Clark Kant” (trocadilho com Superman) e o pokémon “Articuno” mostram sua criatividade e sugerem que ele se vê como alguém raro e incompreendido. Kant também brinca com duplos sentidos, como em “MC's que até menstrua por mainstream / Enquanto eu fico mestre in ser tão ruim”, criticando quem se vende por popularidade. No final, ao afirmar “É que eu não sou o novo eu, sou o novo Eminem / Ops / 90% do rap nacional acabou de sofrer um infarto”, ele reafirma sua autoconfiança e disposição para desafiar padrões. "RapGamers II" é um manifesto de autenticidade, onde Kant transforma suas dores e críticas em força para afirmar sua identidade no rap brasileiro.