En faite (part. Cheu-B)

Orgulho e resistência urbana em “En faite (part. Cheu-B)”

Em “En faite (part. Cheu-B)”, Keeqaid constrói uma narrativa marcada pelo orgulho das próprias origens e pela resistência diante das dificuldades do cotidiano urbano. O verso repetido “Et tu sais pas d'qui on descend, j'leur met des coups d'pression, gros, j'ai ça dans l'sang” (“E você não sabe de quem a gente descende, eu coloco pressão neles, mano, eu tenho isso no sangue”) destaca a importância da herança e da força transmitida de geração em geração, mostrando que a postura combativa faz parte de sua identidade. A expressão “j'ai ça dans l'sang” (“eu tenho isso no sangue”) reforça essa ideia de que a resiliência é algo natural, herdado e inegociável.

A letra aborda de forma direta a convivência com problemas, violência e pressão social, como em “lui il a les problèmes à dos” (“ele carrega os problemas nas costas”) e “on a toujours cottoyé le crime” (“sempre convivemos com o crime”). As referências a dinheiro e relações superficiais, como “elle encaisse en string” (“ela recebe dinheiro de calcinha”) e “elle donne ses fesses pour un vert” (“ela dá o corpo por dinheiro”), criticam a busca por ascensão rápida e os valores distorcidos do ambiente em que vivem. A participação de Cheu-B acrescenta autenticidade e reforça o tom de desabafo. O refrão “tout est dans le sac à dos, j'ai de quoi leur faire pleurer du sang” (“tudo está na mochila, eu tenho do que fazê-los chorar sangue”) simboliza tanto o peso dos próprios problemas quanto uma ameaça a quem desafia sua posição, refletindo a dureza e a ambiguidade do universo retratado na música.