Thé À La Menthe

Resistência cultural e identidade em “Thé À La Menthe”

Em “Thé À La Menthe”, La Caution utiliza o chá de menta como símbolo de resistência cultural e conexão com as origens magrebinas. O chá, tradicional nos países do Magrebe, aparece na letra como um refúgio diante das dificuldades e injustiças enfrentadas pelos imigrantes na França. Quando o narrador menciona “les vertus du ‘Naanaa’ donc du thé à la menthe” (as virtudes do ‘Naanaa’, ou seja, do chá de menta), ele destaca como esse gesto cotidiano ajuda a manter a calma diante do preconceito e da marginalização. O episódio da professora “Mme Nicole”, que duvida da capacidade dos alunos de origem árabe, evidencia o racismo institucionalizado presente no ambiente escolar francês.

A música faz críticas diretas à exclusão social e ao estigma enfrentado por jovens imigrantes, usando comparações entre a cultura francesa do “barbecue, du steak et des fast-foods” (churrasco, bife e fast-foods) e a tradição do “couscous et tagines à la carte” (cuscuz e tagines à la carte) para mostrar o choque cultural e a sensação de não pertencimento. O verso “Cette France me désintègre : on classe l'Arabe comme un barbare bancal” (Esta França me desintegra: classificam o árabe como um bárbaro instável) denuncia a perda de identidade causada pelo racismo. Ao citar o sistema bancário como uma igreja, La Caution sugere que as instituições financeiras reforçam desigualdades sociais. Por fim, a trajetória dos irmãos, marcada por dificuldades, é transformada em arte, resumida na frase “La recette : Sampler, stylo et thé à la menthe” (A receita: sampler, caneta e chá de menta), mostrando como criatividade e herança cultural se tornam formas de afirmação e sobrevivência.