Burning

Desejo, culpa e coragem em "Burning" de Lauren Jauregui

A música "Burning", de Lauren Jauregui, aborda de forma direta o conflito entre desejo e culpa, especialmente no contexto da sexualidade queer. Lauren utiliza sua experiência pessoal, marcada por uma criação católica, para explorar como sentimentos de culpa e condenação são frequentemente impostos a pessoas LGBTQIA+. Isso fica evidente em versos como “I'll be damned in the morning / At least that is what they say / I'm a sinner, yes, a prisoner / To the kiss of a burning flame” (Serei condenada pela manhã / Pelo menos é o que dizem / Sou uma pecadora, sim, uma prisioneira / Do beijo de uma chama ardente), onde ela confronta a ideia de pecado, mas também assume o prazer e a intensidade do desejo como algo libertador.

A letra faz uso constante da metáfora do fogo, como em “I'll burn at the stake” (Serei queimada na fogueira) e “Won't you light my fire?” (Você não vai acender meu fogo?), que remetem tanto à paixão intensa quanto à perseguição histórica de pessoas consideradas "pecadoras". Imagens como “venomous snake / Wrapped in the curve of my waist” (cobra venenosa / Enrolada na curva da minha cintura) sugerem a tentação e o prazer proibido, mas também a aceitação desse desejo como parte fundamental de sua identidade. Ao alternar entre entrega ao desejo e reflexões sobre vergonha e redenção, como em “I'll take all of your shame” (Vou carregar toda a sua vergonha) e “By the light of the morning / I bow my head to pray” (À luz da manhã / Eu abaixo a cabeça para rezar), Lauren mostra que a busca por autenticidade e amor próprio é mais forte do que qualquer julgamento externo. A repetição de “We were always worth it in the end” (No fim, sempre valeu a pena) reforça a mensagem de coragem e autovalorização ao viver sua verdade.