MANTECA (part. Dirty Suc)

Realidade e resistência em "MANTECA (part. Dirty Suc)"

A música "MANTECA (part. Dirty Suc)" de Hard GZ utiliza o título com duplo sentido: além de ser uma gíria espanhola para dinheiro ou algo valioso, também faz referência à "mantequilla" (manteiga), como no verso “Tengo los ojos en la mantequilla” (Tenho os olhos na manteiga). No contexto do rap espanhol, essa expressão pode simbolizar tanto o desejo por prosperidade quanto a sensação de que tudo é instável e escorregadio, refletindo as dificuldades do cotidiano.

A letra destaca a luta diária por sobrevivência e dignidade, especialmente em regiões periféricas e rurais, como as "Rías Baixas" e as aldeias da Galícia, terra natal de Dirty Suc. O trecho “Pa' los chavales de la aldea que no ven salida / Que cuidan de la abuela que ahora va con silla” mostra a realidade de jovens que precisam cuidar da família sem apoio, evidenciando a precariedade social e econômica. A música também critica a alienação causada pelo sistema e pelas redes sociais, como em “Al fin y al cabo, pa'l sistema somos mercancía / Mientras tanto, el algoritmo haciendo que sonrías” (No fim das contas, para o sistema somos mercadoria / Enquanto isso, o algoritmo faz você sorrir). A referência ao desastre do Prestige (“Como mancha'o por el Prestige, loco, nunca máis”) conecta a letra a um trauma coletivo da Galícia, reforçando o sentimento de pertencimento e resistência. O refrão “En tiempos de mentira, la verdad nos hizo hombres” (Em tempos de mentira, a verdade nos fez homens) resume a mensagem central: em meio à falsidade e adversidade, a autenticidade e a luta por verdade moldam o caráter. A faixa mistura crítica social, orgulho regional e resiliência, usando imagens do cotidiano para retratar a realidade de muitos jovens espanhóis.