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Das Profundezas (Samba do Inferno)

Língua de Trapo

Letra

    Um belo dia depois do expediente Quando eu botava no cabide o meu terno
    Tive um mal súbito, morri de repente. Indo parar nas profundezas do inferno Passei no céu mas resolveram me barrar, Burocracia lá no céu é o que há
    É que eu morri sem preencher regulamento que dá direito a residir no firmamento.

    Levei cartão, ganhei status de banido, pois me levaram direto pro purgatório
    E um anjo disse: faça um último pedido! Lhe perguntei: onde é que fica o mictório?
    Fui sem escalas lá pros quintos dos infernos onde satã me fez assinar um caderno
    E disse: nego tudo aqui é organizado, teve um rebu, agora tudo é estatizado.

    Lá no inferno todo mundo come alcatra, só da ministro e presidente nação
    Tá entupido de fãs de Frank Sinatra e de apresentadores de televisão.
    Tem ruas largas onde até um jato pousa, a maior delas chama Anastácio Somoza
    E adivinhem quem por lá comanda a plebe: é o Adolfinho com o Xá Reza Palevhi.

    Lá no inferno as mulheres andam nuas, mostrando tudo até o fruto proibido
    Mas seu satã ferra com a gente, senta a pua É que no inferno nenhum homem tem libido.
    Ontem eu fugi pro paraíso com um sujeito que fez o mapa do inferno pelo jeito Diz que é poeta e cheio dos guéri-guéri, seu nome acho que é Dante Alighieri...

    Composição: Carlos Melo / Lizoel Costa. Essa informação está errada? Nos avise.

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