exibições de letras 55.121

Porteira a Fora

Lisandro Amaral

LetraSignificado

    Chegou linda a primavera
    Cavalhada pelechando
    Os cordeiros retoçando
    É tempo de marcação
    Serviço que é tradição
    Nestes pagos da fronteira
    E a nossa gente campeira
    Firma a têmpera do braço
    Pealando de todo o laço
    Sobre a praia da mangueira

    Os campeiros desencilham
    Na sombra das caneleiras

    Os ovelheiros ficam cuidando os arreios
    Um guaxo pampa quer lamber as barrigueiras
    Voam mutucas, pateiam pingos atados
    E um cardeal canta no alto das taquareiras

    Nuvens de poeira se levantam céu adentro
    Nascem do centro do chão duro da mangueira
    Costeiam vacas berrando pelos terneiros
    E um João barreiro proseia co'a companheira

    Tinem arames, terneirada mal costeada
    E a gauchada tira as botas, se arremanga
    Canha e pitanga são remédios numa guampa
    Essência pampa, gosto de mato e de sanga

    Bota-lhe fogo nessas marca Gratulino
    Porque o Silvino Bololó ta de a cavalo
    O Mano Vaz estira o laço num moerão
    E o Borbinha toma um trago no gargalo

    O seu Pituca espeta a carne pra'o assado
    O Cipriano peala, capa e assinala
    Homens maduros sentados sobre os arreios
    E nesse meio o mate acompanha a fala

    Dono da casa seu Venâncio arrisca um pealo
    Bem de a cavalo, o Bololó livra o tirão
    Gritos de: Aperta, venha a marca, tá pealado
    Tem ovo assado no brasedo do fogão

    Lindo pealo, gritam todos
    Aperta que é do patrão!
    Don Venâncio simbra o laço
    Por sobre os calos da mão

    Pago o pealo- fala um, sovéu armado
    Bem reboleado, zunindo a armada no ar
    Deixa que saia olhando pro campo aberto
    Que o tombo é certo quando o sovéu terminar

    Vira pr'a fica do lado!
    Fala um que leva a marca
    Quebra a cola seu Foro
    Que o seu Juca corre a tarca!

    Esse é pra touro, não capa!
    Ordena, firme, o patrão
    Capricha no sentá a marca
    Palmo acima do garrão

    Que gente buena destes pagos de mi flor
    No tirador, capincho em couro sovado
    No lenço atado, bandeira pampa que esvoa
    Quando encordoa um terneiro pra um bolcado

    O Luiz Bacia pede cancha, armando o laço
    E para o braço num tiro, longe, de atrás
    Pealo de mestre quando a trança se termina
    E o tombo é sina que a natureza desfaz

    O Diamantino raça de índio pampeano
    Um soberano mesmo sem nada na vida
    Tropeiro andejo, obediente e servidor
    Do corredor, fez casa, rumo e partida

    Eu fui guri que aprendeu a cucharrear
    E derrubar na saída da porteira
    Fui mandalete de alcançar marca e serrote
    Carneá um munício e desmancha pras cuzinheira

    Fui guitarreiro e toquei gaita nos galpões
    E nos fogões alegrando a gauchada
    Andei por tudo pealando quando cresci
    Dês que saí dos pagos da Encruzilhada

    Me fiz homen nesse tempo
    De aperta, marca, assinala
    É por isso que essas coisas
    Renascem em nossa fala

    Composição: Eron Vaz Mattos / Cristian Camargo / Lisandro Amaral. Essa informação está errada? Nos avise.
    Enviada por Filipe. Revisões por 5 pessoas. Viu algum erro? Envie uma revisão.

    Comentários

    Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra

    0 / 500

    Faça parte  dessa comunidade 

    Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Lisandro Amaral e vá além da letra da música.

    Conheça o Letras Academy

    Enviar para a central de dúvidas?

    Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.

    Fixe este conteúdo com a aula:

    0 / 500

    Opções de seleção