Resumen Porteño

A Profundidade Oculta de 'Resumen Porteño'

Luis Alberto Spinetta, um dos mais influentes músicos do rock argentino, nos presenteia com 'Resumen Porteño', uma canção que, à primeira vista, pode parecer um retrato de personagens urbanos e suas lutas cotidianas. No entanto, ao mergulharmos mais fundo, percebemos que a música é uma crítica social e política, especialmente em sua última linha, que faz uma referência poderosa e sombria aos voos da morte durante a Ditadura Civil-Militar na Argentina.

A música apresenta personagens como Ricky, Águeda e Cacho, cada um lidando com suas próprias dificuldades e escapismos. Ricky, por exemplo, busca refúgio em medicamentos e música, enquanto Águeda encontra uma breve felicidade nos shows, mas é constantemente detida, talvez simbolizando a repressão e a busca por liberdade. Cacho, por outro lado, parece ter encontrado uma forma de paz, mesmo que mórbida, em sua morte de riso, sugerindo uma resignação ou aceitação do absurdo da vida.

A última linha da música, 'Usualmente, solo flotan cuerpos a esta hora', é uma referência direta aos corpos que eram jogados no mar durante a ditadura, um lembrete brutal das atrocidades cometidas. Spinetta, através de sua poesia e melodia, nos convida a refletir sobre a história e a dor coletiva, enquanto nos faz questionar a realidade e a condição humana. A música, assim, transcende o simples relato de vidas urbanas, tornando-se um manifesto contra a opressão e um chamado à memória e à justiça.