Cachimbo da Paz 2 (part. Gabriel O Pensador e Xamã)

Reflexão social e ancestralidade em “Cachimbo da Paz 2”

Em “Cachimbo da Paz 2 (part. Gabriel O Pensador e Xamã)”, Lulu Santos, Gabriel O Pensador e Xamã unem forças para atualizar e aprofundar a crítica social presente na música original. A escolha de ressuscitar o cacique morto na prisão, por meio de um "ritual secreto de uma aldeia em extinção", denuncia a negligência histórica e a violência sofrida pelos povos indígenas. Esse elemento simboliza a busca por soluções ancestrais diante de problemas sociais que persistem no Brasil.

O cachimbo da paz, já usado como metáfora para diálogo e reconciliação, ganha novos significados. Além de representar a cultura indígena e a luta pela paz, faz referência à discussão atual sobre a legalização da maconha, associando o "remédio natural" à saúde mental e à resistência contra a criminalização, como em: “O remédio é natural, demorou ser liberado! É que a venda dessa erva continua proibida, mas as suas substâncias salvam vidas”. Xamã traz à tona temas como violência policial, genocídio indígena e desigualdade social, exemplificados em: “Mataram o pataxó no ponto cego da cidade / Calibre 12 na cara do Brasil / Idade 14, pátria que me pariu”. O refrão, “Apaga a fumaça da pistola e do revólver / Chama o bom cacique, que o bom cacique resolve”, contrapõe a cultura da violência armada à sabedoria indígena. A colaboração entre gerações e a presença de Lulu Santos reforçam a ideia de continuidade e renovação do protesto, enquanto a narrativa do cacique ressuscitado evidencia o desejo de resgatar valores esquecidos e promover uma reflexão urgente sobre justiça social e respeito aos povos originários.