Pavimento

Insegurança e resistência íntima em “Pavimento” de Lupe de Lupe

A música “Pavimento”, da banda Lupe de Lupe, aborda de forma direta a insegurança e a autocrítica do narrador diante do amor e do olhar dos outros. Um dos pontos centrais da letra é a valorização da autenticidade: ao afirmar “nunca cantei tão bem, mas eu canto só pra você”, o narrador mostra que, mesmo reconhecendo suas limitações, prioriza a sinceridade do sentimento acima das aparências ou do julgamento externo. A menção aos “manos” que “não sabem de porra nenhuma” reforça o isolamento do casal em relação às opiniões superficiais, sugerindo que o amor deles é incompreendido, mas, por isso mesmo, mais verdadeiro e resistente.

O termo “pavimento” funciona como uma metáfora para o espaço íntimo do casal, que pode parecer frio ou sem vida para quem vê de fora — “disseram que era sem vida feito um tipo de cimento” —, mas que, para eles, é sólido e duradouro: “meu amor por você é concreto”. O uso da palavra “concreto” traz um duplo sentido, remetendo tanto ao material de construção quanto à firmeza e realidade do sentimento. A letra também revela o medo da perda e a aceitação da vulnerabilidade, especialmente quando o narrador admite que não culparia a amada se ela o deixasse, reconhecendo que quem se aproxima dele “já nasceu fadado a não ganhar”. Assim, “Pavimento” constrói um retrato honesto das inseguranças e da força silenciosa de um amor que resiste, mesmo sem ser compreendido pelos outros.