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Dedo Bandido

Mano Lima

LetraSignificado

    Andava mijando errado
    Com as urina em atraso
    Era uma gota no vaso
    Três ou quatro na lajota
    Quando não era nas bota
    Na bombacha ou no escarpim
    Eu mesmo, mijando em mim
    Que tamanha porcaria
    E o meu tico parecia
    Uma mangueira de jardim

    O pensamento mandava
    O pau não obedecia
    Quando a bexiga se enchia
    Eu mijava à prestação
    Pra o banheiro, em procissão
    Uma ida atrás da ôta
    Numa mijada marota
    Contrastando com meu zelo
    Pra beber, era um camelo
    E pra mijar, um conta-gota


    Depois de passar um bom tempo
    Convivendo com esse horror
    Me fui atrás de um doutor
    Que atendesse meu pedido
    Me desse algum comprimido
    Pra mim empurrar goela abaixo
    Tenho certeza, não acho
    Que bem antes que eu prossiga
    É importante que eu diga
    Que não deixei de ser macho


    Mas buenas, voltando ao causo
    Que é natural que eu reclame
    Depois de um monte de exame
    De urina e ecografia
    E até fotografia
    Da minha arma de trepá
    Me obrigaro desaguá
    Ajoelhado num pinico
    E me enfiaro um troço no tico
    Que me dói só de lembrá


    Ainda dei o meu sangue
    Pra o vampiro diplomado
    Pensei que tinha acabado
    Só me faltava a receita
    Já tinha uma idéia feita
    Me trato e adeus, doutor
    Recupero o mijador
    Nem sonhava em concluir
    Que alguém iria invadir
    Meu buraco cagador


    Fiquei bem contrariado
    Tomei um baita dum choque
    Quando me falaram em toque
    Achei bem desagradável
    Pra um macho é coisa impensável
    Um dedão campeando vaga
    No lugar que a gente caga
    Vejam só o meu dilema
    O pau é que dá problema
    E o meu cu é que paga


    Tentei todos argumentos
    Me esquivei o quanto pude
    Mas se é pra o bem da saúde
    Não deve me fazer mal
    Expor assim meu anal
    Fazer papel de mulher
    Nem tudo que a gente quer
    Tá de acordo com os planos
    Fui derrubando meus panos
    E se salve quem puder

    De cotovelo na mesa
    A bunda véia empinada
    No cu não passava nada
    Nem piscava de apertado
    Mas era um dedo treinado
    Acostumado na bosta
    E eu, que nunca dei as costa
    Pra desaforo de macho
    Pensava, de pinto baixo
    O pior é se a gente gosta

    Pra mim foi mais que um estupro
    Aquilo me entrou ardendo
    E então eu fiquei sabendo
    Como se caga pra dentro
    Aquele dedo nojento
    Me atolando sem piedade
    Me judiou barbaridade
    Que alívio quando saiu
    Garanto pra quem não viu
    Que não vou sentir saudade

    Enfiei a roupa ligeiro
    Com vergonha e desconfiado
    Vai que o doutor abusado
    Sem pena das minhas prega
    Chamasse um outro colega
    Pra uma segunda opinião
    Apertei o cinturão
    Fiz uma cara de brabo
    Dois mexendo no meu rabo
    Aí seria diversão

    Depois daquela tragédia
    Que pior pra mim não tem
    Não comentei com ninguém
    Pra evitar o falatório
    Se alguém fala em consultório
    Me bate um pouco de medo
    Não faço nenhum segredo
    Dessa macheza que eu trago
    Mas cada vez que eu cago
    Me lembro daquele dedo.


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