Sexo, poder e arte

Crítica à objetificação feminina em “Sexo, poder e arte”

Em “Sexo, poder e arte”, Manu Gavassi faz uma crítica direta à lógica mercadológica que transforma mulheres em produtos, especialmente no meio artístico. A repetição da pergunta “Quanto vale seu corpo? Quanto vale você?” expõe como a sociedade valoriza mais a aparência e a sexualidade feminina do que a inteligência e as ideias. Isso fica claro nos versos “Suas ideias não te levam tão longe quanto seu corpo levaria” e “Porque pra eles o seu cérebro assusta / E o seu corpo dá prazer”. O videoclipe, que faz referência à capa do álbum “Manu” (2017), reforça essa crítica ao mostrar a diferença entre a exposição voluntária e a imposição da objetificação, destacando o desconforto e a resistência da artista diante dessa pressão.

A música também fala sobre autonomia e resistência às imposições sociais. Quando Manu diz “Foda-se o algoritmo, eu danço no meu próprio ritmo”, ela expressa o desejo de romper com as expectativas do mercado e das redes sociais, que frequentemente premiam a hipersexualização feminina. O verso “Pago em parcela só pra desobedecer” mostra que desafiar essas regras tem um custo, mas é uma forma de afirmação e liberdade. Ao trazer sua experiência pessoal e relatos de outras mulheres do entretenimento, Manu questiona a naturalização da objetificação e incentiva a reflexão sobre o verdadeiro valor da mulher, que vai além do corpo e da aparência. O questionamento final – “Quanto você vale quando ninguém vê?” – amplia a discussão para o valor intrínseco, independente do olhar externo, criticando a lógica de mercado que tenta precificar tudo, até mesmo a alma.