Só Restou

A Nostalgia e a Melancolia em 'Só Restou' de Marco Aurélio Vasconcellos

A música 'Só Restou' de Marco Aurélio Vasconcellos é uma reflexão melancólica sobre a transformação e a perda da cultura gaúcha tradicional. A letra começa descrevendo os vestígios físicos de um passado glorioso, como as carretas e arreios, que agora são apenas relíquias em museus ou enfeites nos jardins dos patrões. Esses elementos simbolizam a decadência de uma era em que a vida dos gaúchos era marcada pelas tropeadas e pela lida no campo.

A canção também aborda a mudança no estilo de vida dos gaúchos, que agora se encontram nas vilas, vivendo uma rotina dominical de balcões e bares. A guaiaca, tradicional bolsa de couro usada pelos gaúchos, agora serve para guardar o pouco dinheiro que conseguem, enquanto enfrentam a má sorte e as dificuldades da vida moderna. Essa imagem reforça a ideia de que a essência do gaúcho está se perdendo, restando apenas uma sombra do que foi um dia.

No refrão, a música lamenta que tudo o que restou dessa lenta agonia são visões distorcidas e mortas das antigas peleias (batalhas) e das expressões artísticas como teatro e poesia. Os arpejos de tristes violões evocam a saudade e a tristeza pela perda de uma cultura rica e vibrante. A última estrofe menciona os radinhos de pilha e as canções que ainda carregam um pouco dessa tradição, mas que agora são apenas clichês que causam emoções nostálgicas. A figura do centauro no altar das coxilhas simboliza a fusão do homem com a natureza, um ideal que parece cada vez mais distante na realidade contemporânea.