Mel

Sensualidade e entrega feminina em "Mel" de Maria Bethânia

A música "Mel", interpretada por Maria Bethânia, explora de forma intensa a entrega apaixonada e sensual, usando a imagem da "abelha-rainha" — apelido que se tornou símbolo da própria Bethânia e reforça sua posição de destaque e poder na MPB. A letra traz um pedido direto de fusão e devoção à figura feminina, como em “quero ser um instrumento de teu prazer, sim, e de tua glória”, mostrando uma relação marcada por admiração e desejo profundo. As metáforas ligadas ao universo das abelhas e do mel, como “provo do favo de teu mel” e “ó abelha boca de mel, carmim, carnuda, vermelha”, evocam sensualidade, doçura e fascínio, associando o prazer dos sentidos à ideia de alimento e vitalidade.

O contexto de criação da música também é relevante: Waly Salomão, autor da letra, enfrentava um bloqueio criativo, superado com a insistência de Bethânia. Esse processo se reflete em versos como “pois se é noite de completa escuridão, provo do favo de teu mel, cavo a direta claridade do céu”, sugerindo que o amor e o desejo têm o poder de iluminar até os momentos mais difíceis. A sonoridade caribenha e a leveza da canção acompanham uma fase em que Bethânia explora o amor de forma mais livre, tornando "Mel" uma celebração da sensualidade, do feminino e da entrega amorosa, sem culpa ou repressão. O zum-zum da abelha, presente em várias imagens da música, reforça a ideia de desejo constante e vitalidade, animando todos os espaços descritos na letra.