Sambas de Roda

Tradição e ancestralidade em "Sambas de Roda" de Mariene de Castro

Em "Sambas de Roda", Mariene de Castro valoriza as tradições do Recôncavo Baiano ao trazer elementos típicos do samba de roda, como a repetição de versos – "Viola meu bem, viola" e "Vadeia, vadeia, vadeia" – que reforçam o clima festivo e a circularidade das rodas de samba. Esses versos evocam o ritual coletivo em que canto e dança se misturam, promovendo um sentimento de pertencimento e integração. O pedido de licença à dona da casa para "vadear" (brincar, dançar) é um costume das festas populares, simbolizando respeito e a importância da comunidade.

A letra aborda temas como saudade e deslocamento, exemplificados em "Vou me embora pro sertão / Que eu aqui não me dou bem", ao mesmo tempo em que celebra as raízes e a vida, com referências à natureza e à religiosidade afro-brasileira: "Tá na beira do mar / Nos metais de Ogun iê / Vento, raio e trovão". Essas imagens remetem ao Candomblé, destacando orixás como Ogun, ligado à força e ao ferro, e Orumilá, símbolo da sabedoria. A menção à sereia e à areia do mar faz referência a Oxum, orixá das águas doces, reforçando a conexão com o sagrado feminino e a natureza. O verso "A riqueza mais precisa é saúde, amor e paz" valoriza bens imateriais, em contraste com riquezas materiais, e ressalta a importância dos valores coletivos.

A música cria uma atmosfera acolhedora e leve, convidando à celebração das tradições e à participação coletiva. "Sambas de Roda" se destaca como um manifesto de pertencimento, saudade e resistência cultural, reafirmando a importância da memória, da alegria e da coletividade para manter vivas as raízes do samba e da cultura popular baiana.