Desgarrados

Desgarrados: A Saudade e a Realidade dos Marginalizados

A música 'Desgarrados' de Mário Barbará é uma reflexão poética sobre a vida dos marginalizados na sociedade urbana. A letra descreve a rotina de pessoas que vivem à margem, realizando trabalhos informais e sobrevivendo nas ruas da cidade. Eles se encontram no cais do porto, fazem biscates, carregam lixo e vendem revistas, representando a luta diária pela sobrevivência. Esses indivíduos são descritos como 'pingentes das avenidas da capital', uma metáfora que sugere que eles são como adornos esquecidos, pendurados e ignorados pela sociedade.

A música também aborda a forma como essas pessoas lidam com suas dificuldades. Nos botecos e cortiços, eles contam bravatas e velhas histórias para esquecerem suas tristezas. A noite é um momento de fuga, onde os tragos e estragos ajudam a suportar a realidade. A frase 'olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho' sugere que, apesar das adversidades, eles mantêm a esperança e os sonhos vivos, mesmo que distantes.

O refrão 'Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade' evoca um sentimento de nostalgia e perda. A saudade é um tema central, refletindo a lembrança de tempos passados, mais simples e felizes. A segunda estrofe remete a um passado rural, com imagens de mate, palheiro, geada fria e lenços vermelhos, contrastando com a vida urbana atual. A música conclui com a melancólica constatação de que 'o que foi nunca mais será', reforçando a ideia de que o passado é irrecuperável e que a saudade é uma constante na vida dos desgarrados.