Zé Marmita

Cotidiano e resistência em "Zé Marmita" de Marlene

"Zé Marmita", interpretada por Marlene, destaca-se pelo retrato fiel do trabalhador brasileiro e pelas referências diretas à realidade dos operários urbanos. O verso "Zé Marmita vai e vem" não apenas descreve a rotina cansativa de ir e voltar do trabalho, mas também faz alusão ao perigo enfrentado por muitos trabalhadores que, por falta de espaço nos trens, viajavam pendurados do lado de fora, conhecidos como "pingentes". Essa imagem reforça a precariedade do transporte público e das condições de trabalho da época, transformando Zé Marmita em um símbolo de resistência e perseverança.

A letra utiliza uma linguagem simples para mostrar o cotidiano do personagem: acordar cedo, levar a marmita com as sobras do jantar e buscar pequenos momentos de lazer, como o "bate-bola de meia" após o almoço. Esses detalhes evidenciam tanto as dificuldades quanto a capacidade de encontrar alegria nas pequenas coisas. O trecho sobre "esquecer a vida" jogando bola de meia revela como o lazer, mesmo modesto, serve de alívio diante das adversidades. Assim, a música presta uma homenagem à resiliência dos trabalhadores anônimos e, ao mesmo tempo, faz uma crítica sutil às condições sociais e econômicas enfrentadas por eles.