Concedimi

Solidão e esperança em "Concedimi" de Matteo Romano

Em "Concedimi", Matteo Romano aborda o ciclo doloroso de um amor não correspondido, marcado pela alternância entre esperança e desilusão. A repetição do pedido por "un ultimo ballo" (uma última dança) e a metáfora do "scacco matto" (xeque-mate) mostram como o eu lírico se vê preso em uma dinâmica onde sempre perde, mas não consegue se desvincular. O contexto do lockdown, que inspirou a composição, intensifica o sentimento de isolamento e a tendência de fantasiar relações que nunca se concretizam, como nos versos “Illuso un'altra volta, ormai ci sono abituato” (“Me iludi mais uma vez, já estou acostumado”) e “C'era una volta o forse non lo è stato mai” (“Era uma vez, ou talvez nunca tenha sido”).

A letra constrói um cenário de expectativas frustradas e de busca por pequenos momentos de conexão, mesmo que ilusórios, como no pedido insistente por “un ultimo ballo, un'ultima ora, l'ultimo sole” (“uma última dança, uma última hora, o último sol”). O uso do termo “loop” reforça a ideia de repetição e estagnação emocional, enquanto a referência ao “locale vuoto di una volta” (“antigo local vazio”) sugere memórias de lugares e situações que agora só existem na imaginação. O jogo de xadrez, com o “scacco matto” e o “stallo” (empate), simboliza a dinâmica desigual da relação: o protagonista está preso entre a esperança e a resignação. O tom melancólico e introspectivo da canção, aliado ao contexto de isolamento, faz de "Concedimi" um retrato sensível da solidão e da dificuldade de aceitar o fim de um sentimento não correspondido.