Quer Voar

Excessos e desejo de liberdade em “Quer Voar” de Matuê

Em “Quer Voar”, Matuê utiliza uma estética vampiresca não só no visual, mas também como parte do conceito da música. Ao se apresentar como vampiro e usar seu sangue em pingentes para promover a faixa, ele reforça temas como transgressão, busca por prazer e desejo de imortalidade simbólica. Esses elementos aparecem ao longo da letra, que mistura ostentação, autoconfiança e referências ao consumo de drogas, como no verso “Passa o Bic, põe no ar / Minha bitch quer voar”, onde “Bic” se refere ao isqueiro usado para acender um baseado, sugerindo uma fuga dos limites cotidianos em busca de prazer imediato.

A canção também destaca a ascensão social de Matuê, como em “Troquei um Corsa num Porsche, quem tava lá?”, mostrando orgulho das conquistas e desprezo por quem duvidou dele. O materialismo é evidente nas menções a carros de luxo, sexo, drogas e bebidas, sempre com um tom direto e debochado. Frases como “Eu sou um sujeito ruim, não dou moral pra ninguém” e “2030, eu aqui rindo de vocês” reforçam a postura de quem se sente acima das regras e expectativas dos outros. O uso de expressões em inglês e referências a Fortal City (Fortaleza) misturam influências globais e locais, evidenciando tanto o orgulho das origens quanto a ambição internacional.

Além do hedonismo, a música brinca com duplos sentidos, principalmente nas passagens sexuais e nas piadas com o inglês, como em “The gun is on the table, quer aprender inglês?” (A arma está na mesa, quer aprender inglês?), que funcionam como provocações e insinuações de poder. A repetição de “quer voar” simboliza o desejo de ultrapassar limites, seja pelo prazer, pelo sucesso ou pela imagem de vampiro imortal, sempre em busca de novas experiências.