Coytada [explícita]

Deboche e resistência em "Coytada [explícita]" de Linn da Quebrada

Em "Coytada [explícita]", Linn da Quebrada transforma o estigma da hipersexualização e da marginalização de corpos dissidentes em uma celebração irreverente de liberdade sexual e autonomia. A artista subverte discursos tradicionais ao ridicularizar o falocentrismo e a masculinidade tóxica, especialmente no refrão repetitivo: “Tu vai morrer na punheta!” — uma resposta direta a quem tenta controlar ou menosprezar corpos femininos, trans e afeminados. Aqui, Linn inverte o jogo: o opressor é quem acaba isolado e frustrado.

O videoclipe reforça essa crítica ao satirizar programas de culinária dos anos 90 e usar alimentos fálicos de forma escancaradamente sexual. Ao "amassar e picar" esses símbolos, Linn, Jup do Bairro e Miss Tacacá desmontam, com humor, a centralidade do pênis e da masculinidade na cultura. A letra também destaca a liberdade sexual sem culpa, como em “Vou dar pra Deus e o mundo / Vou dar até pro capeta!”, e o orgulho de ser “muito afeminada” e de “dar pra todes na balada”. O verso “Sou nova Eva, sou tieta!” mistura referências bíblicas e da cultura pop para afirmar uma identidade múltipla e poderosa.

No fim, "Coytada [explícita]" se apresenta como um manifesto de empoderamento e resistência, usando o deboche para desafiar padrões, celebrar a diversidade e afirmar o direito ao prazer e à existência plena de corpos dissidentes. A participação de outras artistas trans e negras no clipe reforça essa mensagem coletiva de orgulho e resistência.