Mulher

Afirmação e resistência travesti em “Mulher” de Linn da Quebrada

Em “Mulher”, Linn da Quebrada utiliza a repetição da palavra "mulher" como um ato de resistência e afirmação identitária, especialmente para travestis e pessoas trans. Ao declarar “Não é homem nem mulher / É uma trava feminina”, Linn desafia as categorias tradicionais de gênero, mostrando que existem identidades que não se encaixam no padrão binário. O verso “o seu corpo é uma ocupação” destaca como o corpo travesti, principalmente nas periferias, é um espaço político, constantemente reivindicado e ressignificado como forma de sobrevivência e enfrentamento da marginalização.

A música também aborda a realidade difícil dessas mulheres, como no trecho “Aluga o corpo a pobre, rico, endividado, milionário”, que expõe a prostituição como uma das poucas opções de sustento, mas sem cair na vitimização. Linn enfatiza a autonomia e a força dessas mulheres, especialmente ao afirmar “Ela não quer pau / Ela quer paz”, deixando claro o desejo por respeito e tranquilidade, em oposição à objetificação e à violência. O trecho “Ela tem cara de mulher / Ela tem corpo de mulher... / E o pau de mulher!” desconstrói a ideia de que a genitália define o gênero, reforçando a legitimidade da identidade travesti. Ao final, Linn celebra a luta diária dessas mulheres: “Bato palmas para as travestis que lutam para existir”, reconhecendo a busca constante por dignidade, visibilidade e direito à vida. “Mulher” se apresenta, assim, como um manifesto de afirmação, denúncia e celebração das experiências travestis.