Oração (part. Alice Guél, Danna Lisboa, Jup do Bairro, Liniker, Urias, Ventura Profana e Verónica Decide Morrer)

Espiritualidade e resistência em “Oração” de Linn da Quebrada

Em “Oração (part. Alice Guél, Danna Lisboa, Jup do Bairro, Liniker, Urias, Ventura Profana e Verónica Decide Morrer)”, Linn da Quebrada propõe uma fusão entre espiritualidade e sexualidade, especialmente a partir da justaposição dos termos “oração” e “ereção” logo no início da música. Essa escolha desafia a cisnormatividade e a moral religiosa, que historicamente marginalizam corpos trans e queer, ao sugerir que desejo e espiritualidade podem coexistir e são partes essenciais da experiência dessas identidades. O clipe, gravado em uma igreja abandonada e interrompido por autoridades, reforça a ideia de resistência e de ocupação de espaços tradicionalmente excludentes, transformando-os em locais de celebração e afirmação da identidade trans.

A repetição do verso “Não queimem as bruxas, mas que amem as bixas” conecta a perseguição histórica de mulheres e dissidentes com a luta atual de pessoas trans e queer. Linn da Quebrada transforma a música em um ritual de proteção e amor, indo além da tolerância e pedindo uma celebração ativa das vidas trans. Expressões como “sem nação” e “mesmo que não nasçam, mas vivem” reforçam a ideia de pertencimento para além das fronteiras impostas, reconhecendo a existência e resistência de quem desafia normas de gênero e sexualidade. Assim, “Oração” se apresenta como um manifesto de transformação, aceitação e esperança, desejando que as próximas gerações possam enfrentar novos desafios e encontrar soluções, mantendo viva a luta e a memória das que vieram antes.