Doomsday (feat. Pebbles The Invisible Girl)

Reflexões sobre identidade e legado em “Doomsday (feat. Pebbles The Invisible Girl)”

Em “Doomsday (feat. Pebbles The Invisible Girl)”, MF Doom apresenta uma mistura de autoconfiança e vulnerabilidade pouco comum no rap. Logo no início, ele deixa claro que sua persona de supervilão funciona tanto como proteção quanto como crítica à cena musical. No verso “Ever since the womb till I'm back where my brother went / That's what my tomb will say” (“Desde o útero até eu voltar para onde meu irmão foi / É isso que meu túmulo vai dizer”), Doom faz referência direta à morte de seu irmão Subroc, mostrando que sua trajetória é marcada por perdas profundas. Ele sugere que sua identidade artística, “Doom”, vai além do próprio nome, conectando vida, morte e legado. O refrão, ao questionar se seu túmulo será “unmarked or engraved” (“sem marca ou gravado”), reflete a incerteza sobre reconhecimento e a natureza passageira da fama no rap.

A letra traz ironias e trocadilhos, como em “Definition super-villain: A killer who love children / One who is well-skilled in destruction, as well as building” (“Definição de supervilão: um assassino que ama crianças / Alguém habilidoso tanto em destruir quanto em construir”). Doom brinca com o paradoxo de ser um vilão carismático, dominando tanto a destruição quanto a criação, e desafia as regras do hip-hop. Em versos como “Rappers need to fall off just to save me the trouble” (“Rappers precisam fracassar só para me poupar o trabalho”), ele ironiza a mediocridade dos concorrentes e reafirma sua superioridade lírica. O uso de gírias, referências à cultura pop e metáforas como “me and this mic is like yin and yang” (“eu e esse microfone somos como yin e yang”) reforçam a visão do rap como um campo de batalha intelectual, onde autenticidade e habilidade são essenciais. A produção suave, com samples de Sade, contrasta com a densidade das rimas, tornando “Doomsday” uma introdução marcante ao universo multifacetado de MF Doom.