Work It

Empoderamento e irreverência em “Work It” de Missy Elliott

“Work It”, de Missy Elliott, se destaca pelo uso inovador da reversão fonética, especialmente na frase “I put my thing down, flip it and reverse it” (“Eu faço meu lance, viro e inverto”), que é literalmente reproduzida ao contrário logo em seguida. Esse recurso não só reforça o tema de desafiar expectativas e padrões, mas também homenageia a cultura hip hop dos anos 1980, com samples e referências sonoras marcantes. O uso de onomatopeias e expressões como “ra-ta-ta” e “bum-bum-bum” cria um clima sensual e descontraído, transformando o corpo e o ritmo em ferramentas de empoderamento e diversão.

A letra é um manifesto de autoestima e liberdade sexual, com Missy Elliott assumindo o controle da narrativa e do desejo, sem pudores ou submissão. Ao dizer “If you got a big ***, let me search it / And find out how hard I gotta work ya” (“Se você tem um bundão, deixa eu conferir / E descobrir o quanto vou ter que me esforçar”), ela inverte o olhar masculino tradicional sobre o corpo feminino, colocando-se como agente ativa do prazer. Termos como “badonkadonk”, popularizados na música, celebram as curvas e a sensualidade de forma positiva. Missy também incentiva as mulheres a se valorizarem, seja no trabalho ou na dança: “Ain't no shame, ladies do your thang / Just make sure you ahead of the game” (“Não há vergonha, mulheres, façam o que quiserem / Só garantam que estejam à frente do jogo”). Ao citar figuras como Prince e Kunta Kinte, ela reforça sua recusa em se submeter a padrões impostos, afirmando sua identidade e independência. O tom ousado, confiante e bem-humorado faz de “Work It” um hino de empoderamento e autenticidade, com impacto cultural duradouro.