Working for the Knife

Pressão e desilusão em "Working for the Knife" de Mitski

Em "Working for the Knife", Mitski usa a imagem da "faca" como símbolo das pressões constantes e internalizadas que moldam sua vida e carreira. A "faca" não representa apenas uma força externa, mas algo que se torna parte da própria identidade da narradora, influenciando cada decisão e sentimento. Mitski condensa nesse símbolo as cobranças do capitalismo, as exigências da indústria musical e o peso das responsabilidades adultas, mostrando como esses fatores corroem sonhos e autenticidade ao longo do tempo.

A letra destaca a transição dolorosa do idealismo juvenil para a realidade adulta. No trecho “I used to think I would tell stories / But nobody cared for the stories I had about / No good guys” (“Eu costumava pensar que contaria histórias / Mas ninguém se importava com as histórias que eu tinha / Sem mocinhos”), Mitski expressa a frustração de não encontrar espaço para sua voz em um mundo que prefere narrativas simples e heróis claros, enquanto suas histórias são mais complexas. O verso “I start the day high and it ends so low / ‘Cause I'm working for the knife” (“Começo o dia animada e ele termina tão mal / Porque estou trabalhando para a faca”) reforça o ciclo de esperança e desilusão, também refletido no videoclipe, onde ela dança sozinha em um teatro vazio. Já “I always thought the choice was mine / And I was right but I just chose wrong” (“Sempre achei que a escolha era minha / E eu estava certa, mas só escolhi errado”) mostra a percepção amarga de que, mesmo com autonomia, as opções são limitadas por essas pressões. O final, “I'm dying for the knife” (“Estou morrendo pela faca”), sugere que viver sob essas exigências é exaustivo e autodestrutivo, ampliando o tom melancólico e introspectivo da música.