Devil

Crítica social e autocrítica em “Devil” de Moon Walker

“Devil”, de Moon Walker, faz uma crítica direta à passividade diante da manipulação midiática e política, mostrando que o verdadeiro "diabo" não é uma força externa, mas sim um reflexo coletivo da sociedade. O verso “I like my stories in propaganda-form every morning” (Gosto das minhas histórias em formato de propaganda toda manhã) evidencia a crítica ao consumo acrítico de informações, inspirado pela desilusão do artista com a mídia e pela facilidade com que as pessoas aceitam narrativas prontas sem questionar. A música também aborda o corporativismo disfarçado de liberdade, como fica claro em “sell you corporatism and wrap it up in freedom” (te vendem corporativismo e embrulham como liberdade), mostrando como interesses econômicos e políticos se escondem sob discursos de emancipação.

A repetição das frases “God close but the devil closer” (Deus perto, mas o diabo mais perto) e “Jesus close but my demons closer” (Jesus perto, mas meus demônios mais perto) traz uma autocrítica: mesmo buscando moralidade, há uma atração pelo lado obscuro, representado tanto pela influência corruptora da mídia e da política quanto pelos próprios vícios e omissões. O trecho “I'm just a canvas reflecting back what your system's painting” (Sou apenas uma tela refletindo o que seu sistema está pintando) reforça a ideia de que o indivíduo é produto e espelho de um sistema doente. No final, ao afirmar “I don't think they realize that they're the devil” (Acho que eles não percebem que são o diabo), a música fecha o ciclo de ironia, mostrando que o mal é perpetuado por todos que aceitam e reproduzem esse sistema sem questionar. “Devil” funciona, assim, como um espelho desconfortável da cumplicidade coletiva.