Chico Problemático

Juventude e abandono em "Chico Problemático" de Nach

"Chico Problemático", de Nach, aborda de forma direta como a falta de afeto e orientação pode levar jovens a caminhos autodestrutivos. O trecho “El niño no encontró el cariño que él creía merecer / Así comenzó a crecer, y a desobedecer / A aparecer frente a su almohada, ebrio a cada amanecer” mostra como a ausência de carinho resulta em desilusão e comportamentos de risco, como o abuso de álcool. Nach se inspira em realidades cotidianas de adolescentes que, sentindo-se ignorados e sem apoio, acabam presos em ciclos de violência, vícios e alienação.

A letra faz uma crítica social clara ao responsabilizar tanto o sistema educacional quanto o governo por esse cenário. Em “no sé si es un problema de la LOGSE / De un gobierno que os quita el futuro / Y luego os vende un Porsche” (não sei se é um problema da LOGSE / de um governo que tira o futuro de vocês / e depois vende um Porsche para vocês), Nach aponta para a falta de perspectivas e a hipocrisia institucional. Ele também denuncia a glamorização da violência e da marginalidade, como em “Está de moda ser el malo / El más villano, el más cabrón / Y hacer la mayor locura / Para llamar la atención” (Está na moda ser o mau / o mais vilão, o mais durão / e fazer a maior loucura / para chamar atenção), mostrando como a busca por respeito pode ser distorcida em ambientes hostis. O refrão, com “Dime por qué se duermen, por qué se pierden / Crecen demasiado rápido y no entienden” (Me diga por que adormecem, por que se perdem / crescem rápido demais e não entendem), reforça a urgência e o sentimento de perda de uma juventude sem referências positivas.

No final, Nach propõe o amor e a empatia como caminhos para romper esse ciclo, sintetizando em “No dejéis que el amor muera / Es lo único que os queda y lo sabéis” (Não deixem o amor morrer / é o único que lhes resta e vocês sabem disso) a esperança de que a solidariedade pode transformar realidades marcadas pelo abandono. A música é, assim, um chamado à reflexão sobre responsabilidade social e afetiva.