Get Down

Retrato das ruas e crítica social em "Get Down" de Nas

Em "Get Down", Nas utiliza referências a figuras reais do submundo nova-iorquino, como Nicky Barnes e Pappy Mason, para mostrar como o crime organizado e a cultura das drogas influenciaram gerações. Ao citar esses nomes, ele destaca tanto a admiração quanto os perigos que cercam jovens em busca de respeito e sobrevivência nas ruas. O verso “Starin at a young disciple, I almost gave my life to what the dice do” (Olhando para um jovem discípulo, quase entreguei minha vida ao que os dados decidem) revela o dilema entre seguir o caminho do crime ou buscar uma alternativa, enquanto Nas reflete sobre a possibilidade de intervenção divina em sua trajetória, conectando sua experiência pessoal à ideia de destino e proteção espiritual.

A música apresenta um realismo direto ao narrar episódios de violência, traição e sobrevivência. O trecho “He grabbed a court officer's gun and started squeezin / Then he grabbed the judge, screams out -- nobody leavin everybody” (Ele pegou a arma de um oficial do tribunal e começou a atirar / Depois agarrou o juiz, gritando -- ninguém sai, todo mundo) ilustra o desespero e a brutalidade presentes no sistema judicial. O uso do sample de James Brown reforça a tensão e a urgência do ambiente descrito. Nas também aborda a constante desconfiança e o perigo, como quando quase é vítima de uma emboscada em um hotel, mostrando a paranoia e os riscos desse universo. No final, ao dizer “if that's how our people gon' get down, how we ever gon' get up?” (se é assim que nosso povo vai agir, como vamos nos levantar?), Nas faz uma crítica social direta, questionando o ciclo de autodestruição e a necessidade de mudança dentro da comunidade. Assim, "Get Down" vai além do relato pessoal e se torna um retrato coletivo dos desafios enfrentados por quem cresce em ambientes marcados pela marginalização e violência.