Do Ya Thang

“Do Ya Thang” na trilha de Need for Speed: Most Wanted

A presença de “Do Ya Thang” na trilha de Need for Speed: Most Wanted faz sentido: a faixa é um retrato direto da car culture sulista, onde cor, motor e risco viram status. Gravada pelo coletivo P$C, liderado por T.I., e lançada no álbum T.I. Presents the P$C: 25 to Life (2005), ela encadeia ostentação de carros, joias e gírias de rua para afirmar autonomia e domínio do território. O refrão repetido “Aye, aye, aye, do ya thang” (ei, ei, ei, faz o seu) funciona como empurrão para cada um exibir identidade e conquista em público.

A narrativa é de giro pela cidade e imposição de respeito: “ride up and down Martin luther king drive” (dar rolê pra cima e pra baixo na Martin Luther King Drive). O pedigree automotivo aparece em “silver SL” (SL prateada), “drop top super sport” (Super Sport conversível) e “Ferrari drops and rovers” (Ferraris conversíveis e Range Rovers). O espetáculo visual vem das cores e do brilho: “tuesday it’s ocean blue” (na terça é azul oceano), “fruit-loop chevy… on 24’s” (Chevy estilo Froot Loops… nas 24), “Lucky charm cutlass” (Cutlass estilo Lucky Charms), “candy coated rims” (rodas com pintura candy) e “pineapple paint” (pintura amarelo abacaxi). As joias surgem em “green ice” (joias verdes) e “Bubbalicious purple” (roxo Bubbalicious). A gíria automotiva aparece em “let the horses holler” (deixar os cavalos gritarem) e no trocadilho “Passing by the underground / They can hear me underground” (passando pelo Underground / eles me ouvem no subterrâneo), unindo o bairro Underground Atlanta ao grave do som. O risco é parte do jogo: “fifty bricks… ship them out” (cinquenta “tijolos”… despachar tudo), “rock up” (transformar em pedra), “pump by her left leg” (escopeta ao lado da perna esquerda), “jackers” (ladrões) e “shooting like a cameraman” (atirando como um cinegrafista). No fim, “do ya thang” (faz o seu) é mantra de autoafirmação, mesmo sob olhares de “snitches” (dedo-duros) e rivais.