
Noite Cheia de Estrelas
Nelson Gonçalves
Desejo, silêncio e recusa em “Noite Cheia de Estrelas”
O ponto central de “Noite Cheia de Estrelas” é a recusa do céu em consolar o seresteiro. A lua, tradicional confidente, se mostra indiferente: “nem a Lua tem pena de mim” e “Ao ver que quem te chama sou eu/ entre a neblina se escondeu”. A cena segue o ritual da seresta: ele canta para a amada adormecida (“Só tu dormes/ não escutas o teu cantor”), pede ajuda ao firmamento (“Lua, manda a tua luz prateada”) e revela o desejo contido (“Quero matar meus desejos/ sufocá-la com meus beijos”). A casa silenciosa e o céu fechado reforçam a distância: tudo parece suspenso, sem resposta nem desfecho, intensificando a solidão do narrador.
As imagens orientam a emoção e a leitura do cenário. O “luar” como “chuva de prata” embeleza, mas não aquece, espelhando um amor sem retorno. As “estrelas” em “dilúvio de falenas” sugerem um céu vibrante, porém errante, tal como o cantor à procura de um sinal. A “neblina” opera como véu e obstáculo, ocultando a lua e qualquer chance de encontro. O termo “endeixas” resgata a tradição do lamento cantado, alinhando as “dolorosas queixas ao luar” ao universo da seresta das décadas de 1930 e 1940. Composta por Cândido das Neves, o Índio, a canção ganha em Nelson Gonçalves um timbre emocional que transforma a lua — ora “airosa”, ora “esquiva” e “pensativa” — em espelho da frustração amorosa, consolidando a saudade confessada à noite como eixo da interpretação.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



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