Vida Mais Ou Menos

“Vida Mais Ou Menos”: ironia, ostentação e refrão ô tome

Em “Vida Mais Ou Menos”, a expressão do título é puro deboche: enquanto diz que a vida está “mais ou menos”, o narrador ostenta Ferrari, Mustang, whisky caro e grifes, no clima de “tô podendo”. Desde o começo, ele chama o público pro rolê — “Eu disse vem, que aqui tá tudo bem” — e coloca a curtição no centro: “Dinheiro foi feito pra gastar / Quem espalhou pelo mundo que se vire pra juntar”. O refrão “ô tome” tem duplo sentido: é brinde repetido — “enche o copo de whisky, agora vire e tome” — e também um “toma aí” de ostentação e conquista, ligado a versos como “a mulherada chega / e só pega ele e tome”.

Os símbolos de luxo funcionam como prova social de status: carro esportivo e rebaixado, marcas no corpo (“Dolce & Gabbana, Lacoste e Armani”) e elogios que viram chamariz, com mulheres dizendo “que netinho cheiroso”. O contraste entre “vida mais ou menos” e “ai eu tô causando, ai eu tô podendo” reforça a provocação e o humor típicos do arrocha ostentação de Neto LX. A repetição de “ô tome” vira mantra de pista que acelera a festa e sustenta o desapego ao dinheiro. No relançamento de 2023 com DJ Vitão da ZL e MC Pânico, as batidas eletrônicas e o tempero de funk ampliam a sensação de pista e a ideia de celebração contínua, alinhando a faixa à mistura de axé, pagode e funk que marca a trajetória do baiano.