Abaralhando a Barbela

Tradição e irreverência gaúcha em “Abaralhando a Barbela”

“Abaralhando a Barbela”, de Nilton Ferreira, destaca-se pelo uso criativo do termo do título, que faz referência ao movimento ágil do cavalo. Esse gesto simboliza tanto a destreza do animal quanto a esperteza do narrador, que transita com facilidade entre o trabalho no campo e os momentos de lazer. A música apresenta um retrato bem-humorado e autêntico da rotina campeira, mostrando como o gaúcho valoriza o serviço rural e também o merecido descanso nos tradicionais bailes, conhecidos como “surungo”.

A letra mistura cenas do cotidiano, como “largo meu mouro de lida” e “passo a semana no galpão quebrando milho”, com a preparação animada para a festa. O narrador troca o cavalo de trabalho pelo tordilho “só pra fuzarca” e se enche de versos e coragem para cantar e conquistar. O tom irreverente aparece em frases como “se não gostarem empino a canha num gole” e “facilita, roubo uma donzela!”. O gesto de “abaralhar a barbela” representa não só a habilidade do cavalo, mas também a malandragem do narrador, que entra no baile, canta, conquista e sai “com fama de quem não presta”. Assim, a música celebra a cultura gaúcha, o orgulho do campo e o jeito brincalhão de quem sabe equilibrar trabalho, festa e tradição.