Caminho Traçado

Realidade periférica e resistência em “Caminho Traçado”

Em “Caminho Traçado”, o NSC - Neurônios SubConsciente transforma o sofrimento coletivo das periferias em algo pessoal e concreto ao citar nomes e lugares reais, como no verso “Elizete não mereçe já sofreu pra caralho”. Ao dar rosto ao sofrimento, a música aproxima o ouvinte da dura realidade enfrentada por muitos. Referências a locais como o “Morro da Cocada” reforçam que a violência e a exclusão social não são conceitos distantes, mas parte do cotidiano de comunidades inteiras.

A letra é direta ao mostrar a luta diária pela sobrevivência diante da violência, da falta de oportunidades e da repressão policial. O trecho “me colocaram na mala os coxinha me espancou era um cidadão de bem mais os pensamento mudou” evidencia como a marginalização e a violência policial podem transformar a visão de mundo dos jovens da periferia, levando-os a questionar valores e buscar caminhos arriscados. Já o verso “a necessidade é foda o estado desempregados se tem filho pra criar vários monstro formado” critica o abandono estatal e mostra como a criminalidade pode surgir da falta de opções.

A música também aborda o peso psicológico dessas experiências, como em “os pensamento doidera tirar da minha mente tem algo me perseguindo psicologicamente”. Sentimentos de culpa, saudade e exclusão familiar aparecem, mas o amor pelos familiares e a fé em Deus são retratados como forças para seguir em frente. Ao final, a canção valoriza a dignidade e o orgulho de quem resiste: “me julgue não meu nome eu honrei so eu sei do meu passado so eu sei o que eu passei”. “Caminho Traçado” é um retrato honesto da vida nas periferias, promovendo reflexão sobre desigualdade, violência e resiliência.