Quem Vai Chorar?

Dor e resistência social em "Quem Vai Chorar?" do NSC

"Quem Vai Chorar?", do NSC - Neurônios SubConsciente, traz uma reflexão direta sobre o impacto das escolhas individuais em meio ao abandono social. A pergunta repetida no título destaca como a dor e a perda, causadas pela violência e marginalização, são sentidas principalmente pelas famílias das vítimas, especialmente as mães. O verso “Só a nossa mãe / A favor, vai por mim” evidencia que, diante da exclusão, o sofrimento é quase invisível para a sociedade, recaindo sobre quem está mais próximo. O contexto do "Vale do Reginaldo" e das comunidades alagoanas, presente na trajetória do NSC, reforça a denúncia de pobreza, exclusão e falta de oportunidades, como mostram os versos: “O povo tá mal cuidado / Excluído, explorado / No veneno, iludido / Vítima do descaso”.

A música também aborda o dilema entre buscar uma vida digna e ceder ao “dinheiro fácil”, uma escolha muitas vezes imposta pela necessidade. O trecho “foi mais forte que eu” revela a dificuldade de resistir a esse caminho, que traz culpa, medo e a sensação de que o ciclo de violência é inevitável. Versos como “Quando a mão de Deus pesar / Desse mundo eu vou embora / Eu sei que ele é justo / Tô só esperando a hora” mostram resignação diante da injustiça social, mas também apontam para uma esperança de redenção. Ao citar repressão policial, corrupção e ausência do Estado, a canção denuncia as estruturas que mantêm a desigualdade e questiona: “Por que temos que chorar / Pra depois sorrir?”. Assim, a música retrata a luta diária nas periferias, onde solidariedade e fé são formas de resistência, mas a dor da perda permanece como marca profunda.