Língua de Largatixa

Traição e justiça nas ruas em “Língua de Largatixa”

“Língua de Largatixa”, do NSC - Neurônios SubConsciente, aborda de forma direta a rejeição ao “X9” – o delator – nas periferias de Maceió. O título faz alusão à pessoa de “língua comprida”, que fala demais e entrega os outros, sendo vista como traidora e alvo de desprezo e punição. A letra destaca as consequências graves para quem “entrega o irmão”, como em “cabuetou chá de sumiço” e “vai ser dois caixão, um pra ele e um pra língua”, reforçando a lei do silêncio e a justiça feita pela própria comunidade.

A música traz um tom de denúncia ao mostrar como a desconfiança e a violência são estratégias de sobrevivência em áreas marcadas pela marginalização, presença policial e criminalidade. Trechos como “Brasil sofrido num entrega a fita num segurar é boca cheia de formiga” e “novo milênio não precisa ser um gênio pra entender que ainda impera por aqui lei do silêncio” conectam a letra à tradição do rap nacional de relatar a dureza da vida nas favelas, onde a traição é um dos piores crimes. O NSC, conhecido por tratar de temas sociais, usa a música como alerta e desabafo sobre a falta de confiança, a violência e a busca por justiça fora do sistema oficial. A letra também valoriza a união e a lealdade entre os “mano”, criticando quem protege traidores e mostrando que, nesse contexto, a sobrevivência depende de códigos próprios e rígidos.