Meu Mundo É o Barro

Esperança e resistência em "Meu Mundo É o Barro" de O Rappa

"Meu Mundo É o Barro", de O Rappa, aborda a luta por reconhecimento e dignidade em meio à exclusão social. A letra destaca a sensação de invisibilidade de quem vive à margem, como no verso “Eu tenho fé fé / Que um dia vai ouvir falar de um cara que era só um Zé Zé”. Aqui, o personagem expressa esperança de que, mesmo sendo visto como alguém comum e sem importância, um dia terá seu valor reconhecido. A repetição de “Sou novo aqui” e a menção à falta de “cor, nem padrinho” reforçam o sentimento de deslocamento e a dificuldade de encontrar oportunidades em um ambiente novo e hostil.

A música também explora a busca por espiritualidade fora dos padrões tradicionais. No trecho “Tentei ser crente / Mas, meu cristo é diferente / A sombra dele é sem cruz, no meio daquela luz”, o eu lírico revela que não se identifica com a religiosidade convencional, preferindo construir uma fé própria e mais pessoal. Isso se conecta à ideia de autonomia e resistência, presente em versos como “Não tenho dono” e “Eu me seguro em minha palavra / Em minha mão, em minha lavra”. Ao final, a canção sugere que, apesar das dificuldades, há espaço para recomeço e esperança, como em “tô tentando se possível zerar do começo e repetir o play”, mostrando a força de quem insiste em buscar um novo caminho mesmo diante da marginalização.