O Salto

Crítica social e resistência em "O Salto" de O Rappa

Em "O Salto", O Rappa faz uma crítica direta ao impacto do materialismo e da busca por status nas comunidades marginalizadas. O verso “ondas de vaidade inundaram os vilarejos” mostra como a vaidade e o desejo por bens materiais podem destruir não só o ambiente físico, mas também o emocional e simbólico dessas comunidades. Já em “minha casa se foi como fome em banquete”, a banda expõe a ironia de perder tudo mesmo em meio à aparente abundância, reforçando a crítica à desigualdade social e à exclusão dos mais pobres, tema presente tanto no álbum quanto no videoclipe da música.

O refrão “E regaram as flores do deserto, e regaram as flores com chuva de insetos” usa uma metáfora forte para mostrar a tentativa de trazer esperança em um ambiente hostil, mas recorrendo a soluções ineficazes ou até prejudiciais. Essa imagem representa as promessas vazias feitas à população marginalizada, que, em vez de receberem ajuda real, enfrentam ainda mais dificuldades. A participação de Waly Salomão na composição intensifica o peso poético e a crítica social desses versos.

A música também aborda o desespero diante da injustiça, como em “Aos jornais eu deixo meu sangue como capital / E às famílias um punhal / À corte eu deixo um sinal!”. Aqui, a letra sugere um protesto extremo, refletindo a invisibilidade e o sofrimento dos que vivem à margem, como mostra o videoclipe do operário. O questionamento “O que farias tu? Se espatifaria ou viveria o espírito santo?” convida o ouvinte a pensar sobre como reagir à opressão: ceder ao desespero ou buscar algum tipo de transcendência. "O Salto" se destaca como um retrato forte da dor social, da resistência e das consequências da indiferença coletiva.