EL MUNDO SE VA A ACABAR

Desejo e urgência em "EL MUNDO SE VA A ACABAR" de Omar Courtz

Em "EL MUNDO SE VA A ACABAR", Omar Courtz transforma a ideia do fim do mundo em um convite para viver o presente de forma intensa e sem arrependimentos. Logo no início, a frase-título é usada como justificativa para se entregar ao prazer: “Mami, 'tán diciendo que el mundo se va a acabar / Me tiene' loquito, ¿cuándo es que te va' a trepar encima?” (Estão dizendo que o mundo vai acabar / Você me deixa louco, quando vai subir em cima de mim?). Courtz deixa claro que a urgência do momento serve como desculpa para aproveitar ao máximo, sem pudores, algo típico do reggaeton, mas aqui com uma abordagem ainda mais ousada e experimental, tanto na sonoridade quanto nas letras.

A música é marcada por metáforas e duplos sentidos sexuais, como em “Te doy pa' shopping y te quito los outfits” (Te dou dinheiro para compras e tiro suas roupas) e “El panty es X-small y tú eres triple X / Yo, con esas titis, tengo un feti” (A calcinha é X-small e você é triplo X / Eu, com esses seios, tenho um fetiche). Courtz também faz referências ao cotidiano, como em “Apaga la lu'-lu', Netflix y Hulu / La serie nos ve a nosotro'” (Apaga a luz, Netflix e Hulu / A série nos assiste), invertendo o papel do entretenimento e colocando o casal como protagonistas. O verso “Con estrías y barriguita, baby, acaba'íta de bañar” (Com estrias e barriguinha, amor, recém-saída do banho) valoriza o corpo real, mostrando que a atração não depende de padrões perfeitos.

No final, a música mistura essa sensação de urgência com uma narrativa de idas e vindas, sugerindo que, mesmo se "o mundo se acabar", algumas conexões são tão intensas que parecem não ter fim: “Nunca vamo' a acabar, el cuento de nunca acabar” (Nunca vamos acabar, a história que nunca termina). Assim, Courtz entrega uma faixa que celebra o desejo, a festa e o presente, com uma produção moderna que acompanha a ousadia da letra.