Inciso

Reflexão sobre o tempo e a pausa em "Inciso" de Pablo Alborán

"Inciso", de Pablo Alborán, aborda a sensação de que o tempo passa rápido demais, enquanto a vida moderna nos força a viver em constante pressa e insatisfação. No verso “Qué torpe es el segundo que jamás ganó al minuto / Qué egoísta es el reloj que nos quiere vagabundos” (“Quão desajeitado é o segundo que nunca venceu o minuto / Quão egoísta é o relógio que nos quer vagabundos”), o relógio é retratado como um agente impiedoso, que nos transforma em nômades do tempo, sempre em movimento e sem conseguir parar para contemplar. O pedido por um “inciso” – uma pausa na rotina – expressa o desejo de interromper esse fluxo incessante para simplesmente sentir e existir. A escolha de Ana Belén como parceira vocal reforça essa atmosfera de reflexão e nostalgia, já que sua voz clássica traz profundidade à canção.

A letra também fala sobre a busca por felicidade e a dificuldade de lidar com as próprias emoções. Em “Psicólogos a tragos tapan nuestras cicatrices” (“Psicólogos em doses tapam nossas cicatrizes”), Alborán sugere que muitas vezes tentamos anestesiar nossas dores em vez de enfrentá-las. O trecho “Damos clase al otro sin ser maestros de lo nuestro / Teniendo los bolsillos llenitos de desiertos” (“Damos aula ao outro sem sermos mestres do nosso / Com os bolsos cheios de desertos”) mostra como aconselhamos os outros sem resolver nossos próprios vazios. Imagens como “alfileres de nostalgia” (“alfinetes de nostalgia”) que “nos sujetan sin permiso” (“nos prendem sem permissão”) reforçam o peso das lembranças e do passado, que nos impedem de seguir em frente. O refrão e o final da música, ao pedir um “inciso”, resumem o sentimento central: a necessidade de um intervalo para respirar, sentir e se reconectar consigo mesmo em meio à correria da vida.