Inocenti

A exclusão social e a esperança em "Inocenti" de Paulo Flores

"Inocenti", de Paulo Flores, retrata a realidade de jovens marginalizados em Angola, especialmente no contexto pós-guerra civil. A música dá voz a um jovem de rua que, ao dizer “Que esperam de mim / Miúdo de rua de rua sem nome”, expõe a falta de oportunidades e o preconceito enfrentados por quem nasce em condições adversas. Paulo Flores utiliza a palavra “inocenti” como símbolo da injustiça sofrida por esses jovens, mostrando que muitas vezes são julgados e condenados por circunstâncias que não controlam.

A letra também aborda o ciclo de violência e abandono familiar, como nos versos “Minha mãe foi mulher espancada... Meu pai foi mobília de bar caído”, refletindo a dura realidade de muitos jovens angolanos marcados pelo alcoolismo e violência doméstica. Ao afirmar “faço tudo pra me respeitar / Preso estava eu / Inocenti”, o personagem busca dignidade e respeito, mesmo diante da exclusão social. O pedido por um sorriso e a necessidade de “uma chave para abrir essa porta” representam a esperança de inclusão e de um futuro melhor. O uso do Semba, gênero musical tradicionalmente ligado à crítica social, reforça a mensagem de resiliência e humanidade, tornando "Inocenti" um retrato sincero da luta por reconhecimento e justiça.