Pantera (part. NEKTRASH)

Superação e identidade em "Pantera (part. NEKTRASH)" de Pecaos

"Pantera (part. NEKTRASH)", de Pecaos, explora a tensão entre vulnerabilidade e autossuperação, trazendo à tona cicatrizes emocionais e físicas como marcas de uma trajetória difícil. O verso “Olha quanta cicatriz eu ganhei” evidencia como as experiências dolorosas moldam a identidade do artista. A música mergulha em crises existenciais e conflitos internos, como mostra o trecho “Crise de existência no quarto do hotel”, além de retratar as dificuldades do cotidiano urbano em “Ruas facul, só dificuldade”. A menção a sonhos com uma mulher de véu acrescenta um tom místico, sugerindo que a busca por si mesmo também passa por dimensões espirituais e subconscientes.

A letra destaca ainda o embate entre fé e comportamentos autodestrutivos, como em “Drogas no porta luva e a imagem de Cristo no painel”, mostrando o conflito entre o desejo de redenção e as escolhas difíceis do dia a dia. O abandono familiar aparece como uma ferida que influencia diretamente a construção da identidade: “Eu sou um pouco de tudo que deixei pra trás / Um pouco de cada bairro / Já que morei em vários”. Ao mesmo tempo, a música valoriza a arte como forma de resistência e salvação, como em “Nóis provo' que a arte salva”. O refrão, com a repetição de “Eu não vou”, funciona como um mantra de resistência diante das pressões externas, enquanto a metáfora da casa como dojo sugere que o ambiente cotidiano é um espaço de preparação para enfrentar as batalhas da vida. Assim, "Pantera" se apresenta como um relato honesto sobre amadurecimento, escolhas e a luta constante para não sucumbir às adversidades.