Bah Humbug

“Bah Humbug”: Scrooge, fantasmas e nova consciência

Em “Bah Humbug”, o Pentatonix encena A Christmas Carol com pegada teatral que combina com o álbum Christmas in the City: as vozes trocam de função entre narrador, fantasmas, Scrooge e até a própria cidade, ideia que Mitch Grassi já destacou ao dizer que cada voz brilha como um personagem. O refrão “bah humbug” (bah, bobagem) age como um motivo em movimento: nasce como resmungo do protagonista, vira coro de condenação social e, no fim, é abandonado. A letra retrata Scrooge por imagens rápidas — “heart... sharp as flint”/“door... lined with locks”/“penny-pinching, fist-clenching” (coração... afiado como sílex/porta... cheia de trancas/mão-de-vaca, punhos cerrados) — e ainda sugere solidão encapsulada em “as lonesome as an oyster” (tão solitário quanto uma ostra), com a possibilidade de mudança. O cenário “south of camden high” (ao sul de Camden High) ancora a narrativa em Londres, reforçando a conexão dickensiana.

Os três fantasmas conduzem a virada moral. O Passado recupera a pureza em “He saw a boy, so innocent” (Ele viu um garoto, tão inocente). No Presente, uma casa cheia de risos onde ninguém canta “bah humbug” (bah, bobagem). O Futuro cobra a fatura em “reap what we sow” (colhemos o que plantamos): funeral solitário, grilos, e a cidade “smirkin’” (sorrindo de canto) dizendo “it’s for the best” (é o melhor assim). Esse contraste reconfigura o refrão até o clímax redentor: “I’m done singin’ that a-bah humbug!” (Chega de cantar esse "bah, bobagem"!), com arrependimento explícito — “Oh, no! Look what I’ve done!” (Ah, não! Olha o que eu fiz!) — e compromisso prático — “From here on out, I’m spreading love!” (De agora em diante, vou espalhar amor!). A estrutura em três atos de Dickens dá o esqueleto perfeito e realça o clima de “palco de cidade grande” que o Pentatonix busca no álbum.