Poetisas no Topo 3

Empoderamento feminino e resistência em "Poetisas no Topo 3"

"Poetisas no Topo 3", do coletivo Pineapple, destaca a força e a união das mulheres no rap, enfrentando o machismo estrutural do gênero e afirmando sua autonomia. Lançada no Dia Internacional da Mulher, a música reforça a importância da representatividade feminina e a criação de referências para as próximas gerações, como enfatiza N.I.N.A. Isso aparece em versos como “Acho bom se conformar que essa cena é das mina / Sem a sua aprovação, já com nome de poetisas”, deixando claro que o reconhecimento masculino não é mais necessário para legitimar o talento das mulheres no hip-hop. A menção a Rachel Reis e à força “que protege e vigia lá de cima” traz à tona a ancestralidade e a proteção espiritual que impulsionam essas artistas.

A faixa tem um tom direto e confiante, com cada artista expondo suas vivências e críticas à indústria musical. Ajuliacosta denuncia a exploração e o sexismo do mercado: “Essa gravadora quer te pôr na geladeira / Quer aproveitar da idade, da sua rima e sua beleza”. Mac Júlia e Sodomita utilizam a sexualidade e o deboche como formas de empoderamento, subvertendo estigmas e mostrando que prazer e liberdade também pertencem às mulheres. Maru2D e MC Luanna ampliam o debate para questões raciais e sociais, criticando a superficialidade de outros artistas, a hipocrisia de empresários e a desigualdade estrutural: “Ele se acha empresário só porque já nasceu branco / Avisa que a favela chora, nós é CNPJ”. Assim, a música se consolida como um manifesto de resistência, reafirmando que o topo do rap também é lugar de mulher, e que elas chegaram para ficar.