Not Now John

Crítica social e alienação em “Not Now John” do Pink Floyd

“Not Now John”, do Pink Floyd, utiliza o nome "John" como símbolo do trabalhador comum, frequentemente ignorado ou distraído enquanto questões sérias acontecem ao seu redor. O refrão repetido, “Not now, John, we've got to get on with the show” (“Agora não, John, temos que continuar com o show”), destaca a crítica de Roger Waters à sociedade britânica dos anos 1980, especialmente sob o governo de Margaret Thatcher. Nesse período, o foco estava no progresso econômico e na competição internacional, deixando de lado preocupações humanas, éticas e ambientais.

A letra faz referências diretas à Guerra das Malvinas (“We showed Argentina, now let's go and show these” – “Mostramos para a Argentina, agora vamos mostrar para esses”), à rivalidade com o Japão e à tensão com a União Soviética (“Got to bring the Russian Bear to his knees” – “Temos que fazer o Urso Russo se ajoelhar”), satirizando o nacionalismo e a postura agressiva do governo britânico. O contraste entre os vocais de David Gilmour e Roger Waters reforça a dualidade entre o cidadão alienado, que busca distração, e a voz crítica que denuncia a superficialidade e a ganância política. O uso de palavrões, suavizados na versão para rádio, intensifica o tom de indignação diante da apatia coletiva. A menção a diferentes nacionalidades e idiomas ironiza a globalização e a competição internacional, enquanto o verso “Wouldn't Maggie be pleased?” (“Será que a Maggie não ficaria satisfeita?”) aponta diretamente para a aprovação de Thatcher à postura agressiva do Reino Unido. Assim, a música serve como um alerta contra a alienação, a manipulação midiática e a priorização do lucro em detrimento da empatia e da reflexão.