Ziqzira

A Realidade Crua das Periferias em 'Ziqzira' de Pregador Luo

A música 'Ziqzira' de Pregador Luo é uma crônica poderosa e sombria sobre a violência e a desesperança nas periferias urbanas. A letra começa com um lamento, descrevendo a morte e a destruição que permeiam esses ambientes: 'Mais um cântico de lamento / De tristeza / Só mais uma crônica sobre ódio / Mais um hit periférico que versa sobre corpos'. Luo utiliza a repetição da palavra 'ziqzira' para simbolizar a maldição e a desgraça que afligem essas comunidades, uma espécie de onomatopeia que reforça a sensação de caos e desordem.

A narrativa da música é dividida entre a perspectiva dos criminosos e a dos policiais, ambos presos em um ciclo de violência e morte. A letra 'Ele atira, ele atira / Ele é ziqzira / Engatilha, aponta, te põe na mira' descreve a brutalidade e a frieza dos confrontos armados, enquanto 'Clima de guerrilha / Polícia, narcotráfico / Ninguém tem mais controle / O bagulho tá anárquico' expõe a anarquia e a falta de controle que dominam essas áreas. A música não poupa críticas ao sistema e à sociedade que permitem que essa realidade persista, questionando se vale a pena morrer por vícios e poder.

Pregador Luo também faz um apelo espiritual, pedindo a intervenção divina em meio ao caos: 'Alô, alô, meu Senhor / Vou fazer um 21 / Atende aqui esse seu filho / Deixa completar'. Esse clamor por ajuda divina reflete a busca por esperança e redenção em um ambiente onde a violência parece ser a única constante. A música termina com um sentimento de urgência e desespero, implorando por uma mudança que parece cada vez mais distante: 'Se não a gente frita! / A serpente tá nervosa! / Aqui tá zica!'. 'Ziqzira' é, portanto, uma obra que mistura crítica social, desespero e um pedido de socorro espiritual, encapsulando a complexidade e a dor das periferias urbanas brasileiras.