Don't Believe The Hype

Crítica à manipulação midiática em “Don't Believe The Hype”

“Don't Believe The Hype”, do Public Enemy, destaca-se por denunciar a manipulação da mídia e os estereótipos impostos à comunidade negra e ao hip-hop. Logo no início, Chuck D expõe como a mídia o rotula injustamente de “criminoso” e “public enemy”, evidenciando o preconceito estrutural: “They claim that I'm a criminal / By now I wonder how / Some people never know / The enemy could be their friend, guardian” (“Eles dizem que sou um criminoso / Agora eu me pergunto como / Algumas pessoas nunca sabem / O inimigo pode ser seu amigo, guardião”). Essa inversão sugere que o verdadeiro inimigo pode ser, na verdade, um aliado, criticando a superficialidade das narrativas midiáticas.

A música, inspirada nos estudos de Noam Chomsky sobre propaganda, usa a frase “Don't believe the hype” como um chamado para que o público questione informações sensacionalistas. O trecho “False media / We don't need it do we? / It's fake that's what it be to 'ya, dig me?” (“Mídia falsa / Não precisamos disso, precisamos? / É falso, é isso que é pra você, entendeu?”) reforça o repúdio à desinformação. Referências como “The follower of Farrakhan” e as cores “green, black, red, and gold” conectam a letra ao orgulho negro e à luta por justiça social. Ao ironizar a marginalização do hip-hop e denunciar a apropriação cultural, versos como “They still consider me a new jack / All the critics you can hang'em / I'll hold the rope” (“Ainda me consideram um novato / Todos os críticos, podem enforcá-los / Eu seguro a corda”) mostram a postura desafiadora do grupo. Assim, a música se torna um manifesto contra a alienação e um símbolo de resistência à manipulação midiática.